novembro 02, 2009

Introdução ao ano lectivo 2009/20101

Caros alunos:
Apenas uma palavra para cumprimentar e desejar um bom ano lectivo 2009/2010!
A geometria descritiva
é na sua essência apenas um sistema de representação gráfica.
Mas encerra em si e no seu exercício, a fundamental capacidade de representar espacialmente uma ideia, inevitável instrumento de trabalho para o profissional da arquitectura.

Os sistemas construtivos, entendo numa leitura mais atenta, que compõe três significados:

Os sistemas, como sequência, método, ordem, como lógica metodológica do construir, edificar, mas também da estrutura mental necessária e “arrumada” para o entendimento do espaço construído.

Construtivos, porque se trata afinal de edificar, materializar uma ideia, construir o edifício em si, com tudo que este encerra de sistemas já consagrados e assumidos pela experiência ou inovadores, materiais, lógica e coexistência entre os mesmos.

Sistemas construtivos, porque numa leitura conjunta, significa o resumo do anteriormente referido acrescido da responsabilidade de fazer com consciência, adaptar a uma determinada realidade, entender o material, as suas capacidades e características, o processo e sequência do mesmo, mas também um conhecimento mais alargado da evolução dos sistemas adaptados a realidades diferentes, condicionantes próprias. Este conhecimento alargado pode, a montante dotar o arquitecto de um conhecimento menos balizado com regra única ou solução limitada para resolver um determinado problema. No momento da obra e da execução pela capacidade de materializar, de resolver, de inventar. No fim, pela experiencia, pela execução, pelo produto realizado, acrescer na sua formação mais um pormenor, mais um pequeno dado para uma equação complexa que é a arquitectura/ construção.
O entendimento de uma história, de um percurso, de um conjunto enorme de histórias que fizeram o nosso passado, acrescido de uma consciente aplicação de conceitos, regras, ou quebrando as mesmas pelo colocar de novas condicionantes no problema, é um desafio maior mas mais aliciante para o arquitecto. Inúmeras condicionantes como o clima, o local, a identidade física ou social, religiosa ou política vem tornar este tema o mais importante para a percepção do objectivo máximo da arquitectura.

Construir bem!

Um dia Eduardo Souto Moura, numa aula disse que: …” um projecto é como um filho e deve ser tratado com o mesmo cuidado!” ... Mais tarde numa conferência, recordando essas palavras, rematou dizendo que … “ o projecto era isso mesmo, um projecto, mas a obra em si é o produto final, e objectivo do arquitecto, o tal “filho” (não com estas redutoras palavras mas num resumo- o conteúdo era este) era a obra materializada, sentida, amada!...

Ora, seguindo as suas “dicas”, lecciono duas disciplinas: geometria e Sistemas construtivos.

Depois de vários anos a dar projecto, reconheço ser este o meu lugar pela identificação que tenho perante o exercício da arquitectura e a consciência do ensino desta arte numa conjuntura já por si adversa e por vezes contraditória dos ensinamentos apregoados.

É esta palavra que quero transmitir e fazer passar!...
As modas vão e vem. A história ensina-nos que, ora decoramos e sobrecarregamos a arquitectura com elementos apostos, desnecessários, e até por vezes, camuflando a essência e a base dessa arquitectura, ora, limpamos o registo, depuramos, simplificamos...
Pensamos, equacionamos as bases e o objectivo primeiro do osso exercício, resultando em três elementos fundamentais aqui neste texto:

O desenho (de procura) expressa uma ideia, um conceito consciente e materializado no projecto.

O projecto é uma representação gráfica e instrumento de medida para uma boa execução

A obra, por fim, prova os erros e chama a atenção pelo esquecido, as deixa a marca da irresponsabilidade ou incúria de não ter resolvido o que nos foi solicitado.
Concluímos então que ou no desenrolar da ideia, na interpretação dos factos, do programa ou das condicionantes, algo falhou!

Ou ainda que por má representação gráfica ou omissão da proporção e equilíbrio ou outro aspecto conceptual, uma vez mais …falhamos!!...
O exercício profissional e projectual é exactamente isto! Recolher a maior e melhor quantidade de informação, filtrar, com muita consciência, depurar e sintetizar, e arquivar o conhecimento para sempre e nunca terminando, subir degrau a degrau, o patamar para aspirar a um dia poder dizer:

Sinto que já sou quase arquitecto!..

E mesmo de cabelos brancos, não pela idade mas pelo desgaste do pensamento poder sempre dizer:
Já sou arquitecto!... Mas como dizia o meu amigo Fernando guerra:.. só que … melhor ainda!

Sem comentários:

Enviar um comentário